sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Bandido e Mocinho

Retornou aos noticiários um episódio em que um cidadão, ao avistar uma blitz, temeu se tratar de emboscada de bandidos disfarçados de policiais e deu marcha à ré para fugir, julgando que esta era a melhor atitude a ser tomada. Já os policiais, desconfiaram que o sujeito estivesse se evadindo por ser bandido e atiraram contra o malfeitor, julgando que esta era a melhor atitude a ser tomada.

Todos tiveram algumas frações de segundos para tomarem suas decisões. A urgência foi a principal, mas não única culpada pelo julgamento errado que os envolvidos fizeram.

O toque tragicômico desta história é que todos os envolvidos têm em suas profissões uma ligação direta com avaliação de fatos e de pessoas. O motorista é um juiz, os homens da blitz, policiais. Mas nenhum deles teve tempo suficiente de lembrar de um princípio fundamental que deve reger nossas vidas: todos são inocentes, até prova em contrário.

É lógico que as razões que levaram o motorista a julgar e decidir que os policiais eram bandidos foram muito fortes e corretas. Se presumisse e errasse poderia estar morto. Já os policiais, não corriam risco algum. Mesmo que o motorista fosse bandido, ele estava “batendo em retirada” e não representava qualquer risco para os policiais.

Por causa da mentalidade obtusa daqueles que julgam e condenam sem pensar porque repudiam a presunção de inocência – como se este princípio fosse um entrave para a realização da justiça –, é que surgem as tragédias e as maiores injustiças.

Fiquei tentado em encerrar este post declarando numa frase de efeito qual a lição que devemos tirar deste episódio, mas, me recuso a fazer isso pela tamanha obviedade do tema, pois, correria o risco de afrontar a inteligência do leitor.

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