terça-feira, 23 de novembro de 2010

Juca Kfouri

Juca Kfouri comentando as marmeladas de entrega de jogos:

"Expediente que está longe de ser ético, mas que virou padrão no patropi, um país em que torcedor vai a campo torcer contra o próprio time e depois se queixa dos políticos que ele mesmo elege, sua alma e sua palma."

confira: http://blogdojuca.uol.com.br/2010/11/consideracoes-quase-finais-sobre-ontem-no-brasileirao/

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

OBRIGADO, DEODORO

Estive hoje na Ressacada para mais um momento épico na Ilha Formosa. Queria falar sobre muitas coisas que vi lá. Torcida, Time, ambos com maiúscula mesmo, fogos, gols, carrinhos, porrada, expulsão, raça, pênalti perdido e muita alegria.

Mas por agora só consigo fazer uma coisa: agradecer por uma cena que poucos viram. Poucos mesmo. Acho que só eu e meu irmão Guto, mas foi uma das melhores e mais alegres cenas que eu sequer imaginaria ver.

Meu pai Deodoro, que completou 71 anos dia 15 de novembro, e, que para subir e descer os degraus da arquibancada precisa da nossa mão para enfrentar a maldita diabetes, estava comemorando o terceiro gol e a vitória do Leão literalmente pulando com os pés em cima da cadeira. Parecia uma criança.

Quando olhei, ele estava cantando a última estrofe de uma música que repetia “... Leão eô, Leão eô...”. Em casa, jurou de pé junto pra minha mãe que a primeira parte da música, que “homenageia” um time do lado de lá da ponte, ele não cantou. Pois é, criança às vezes mente.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

LIÇÕES

Hoje meu filho completa seis anos. Queria falar dele talvez para prestar uma homenagem, mas não vou fazer porque ele não quer homenagens, quer presentes, sem saber que eventualmente são sinônimos.

Quer presentes porque é assim que acha que as pessoas podem demonstrar algum afeto, e não porque quer aumentar a coleção de Hot Wheels ou Max Steel, tanto que ontem ao chegarmos em casa, tinha um cartão de Feliz Aniversário enviado pelo correio pela bisavó Margarida, muito mais valioso do que a caderneta de poupança que ela mantém para ele desde que nasceu. Mais uma lição. Mas de qualquer forma, uma homenagem aqui seria, com razão, desprezada por ele, por razões óbvias.

Então só restou falar de mim. Sou um cara em processo de amadurecimento. Dou mais atenção a argumentos infantis e desprezo mais a importância do quarto arrumado. O piso do banheiro encharcado não me irrita mais tanto. Só hoje reaprendi que o sofá foi feito para colocar os pés e para servir de trampolim. Havia esquecido que a comida fica mais gostosa em frente à televisão e melhor ainda se o queixo estiver lambuzado de molho de macarrão e que toalha molhada no chão não é crime, basta mandar juntá-la.   

Lembrei também de vários princípios básicos da vida feliz: Pica-Pau é melhor que Jornal Nacional; tirar meleca com o dedo é mais legal que com um lenço; fazer xixi, só quando não dá mais pra segurar; banho é desnecessário quando o suor já secou; brincar é compromisso sério e inadiável; cumprir promessa é sagrado; brócolis e fígado não são comidas, são no máximo remédios; chuva não é veneno e escovar os dentes antes de dormir é chato pra dedéu, mas reduz o contato com aqueles monstros assustadores de máscara e broca na mão.

Seis anos e esse pirralho já me deu todas estas lições. Não quero nem pensar aos doze...

FUSÃO

E se a Volkswagem resolvesse fazer uma fusão com a Ford ou com a Dodge?


domingo, 7 de novembro de 2010

"Nordestino não deve votar!"

Discordo do texto abaixo que li no blog Cultura do Controle, mas no entanto, a primeira parte - referente às bolsas-votos - me faz refletir e, quem sabe, até rever minha posição neste ponto.

Por questão de fidelidade reproduzo o texto integral abaixo:

"O fato de Dilma ter sido eleita com grande parte do voto das regiões mais carentes do Brasil pode – e deve – gerar uma série de possíveis hipóteses:

Primeira: os bolsa-isso-e-aquilo não seriam uma forma subliminar de compra de voto? Para mim, a resposta é não, pois que se trata de uma política estatal de distribuição de renda, que – ao contrário dos outros modelos – canalizou verbas da nação para os mais aflitos. Se o governo tivesse ampliado o subsidio das passagens aéreas, se o governo tivesse aumentado o limite das compras no free-shop (o bolsa-muamba), se o governo tivesse ampliado ainda mais o subsídio ao diesel, para que as caminhonetes de luxo economizem às nossas custas (o bolsa-mitsubishi), se tivesse aumentado o índice de dedução da lei de incentivo à cultura (para que os atores do zorra-total possam ter seus espetáculos teatrais ainda mais financiados pelo uso de impostos das “empresas patrocinadoras”), se tivesse insistido, enfim, nos inúmeros bolsa-classe-média-alta, ninguém acharia compra de voto.

Segunda: os nordestinos não sabem votar? Durante décadas se ouviu dizer que os nordestinos, por seu escasso acesso à educação, votavam em velhos coronéis que, dizendo-se seus “padrinhos”, apenas perpetuavam sua miséria. Então, surge um outro “coronel”, só que dessa vez paga para as crianças deixarem as carvoarias e irem para a escola; que tributa negativamente os miseráveis, gerando renda em forma de bolsa. E as pessoas dessas regiões compreendem a diferença entre os “ coronéis” e votam para que assim continue. Isso é não saber votar?

Mas o que mais assusta é o “ovo da serpente” da mentalidade fascista: bastaram as análises – muito mal feitas, por sinal – de que as regiões pobres é que elegeram a continuidade de Lula para que o fascismo de classe média voltasse à tona: nordestino não deveria votar! Fascismo em grande parte incentivado pela grande mídia que, descontente por ter perdido parte de suas bolsas-publicidade-do-governo e por não poder decidir nas suas reuniões privadas quem seria o presidente do Brasil (como fizeram com Collor), trataram dizer que o resultado da eleição mostra dois brasis: o do Lula e o desenvolvido.

Foi a vitória da opinião pública sobre a opinião publicada. Pois, leia a as manchetes das revistas e jornais dos últimos anos e note que, para a grande mídia, os únicos problemas relevantes sempre foram: atrasos nos aeroportos, reajustes nos planos privados de saúde, compra-e-venda de atletas e assassinatos com vítimas especiais (ou seja: não favelados). Não é à toa que leitores desses meios não consigam avaliar o significado de 100 reais na vida de uma família no interior do Piauí. Para tais leitores, política pública é melhorar as vias de acesso aos shopings, duplicar rodovias praieiras e baixar o preço da entrada no cinema.

Infelizmente, para o projeto da manutenção de dois brasis, os pobres estão aprendendo a votar. O “nordestino “ (denominação genérica do eleitor da Dilma de qualquer região) já não é mais controlado unicamente pela opinião da grande mídia. E chamar tal descontrole de analfabetismo político só indica uma coisa: que os “democratas” da oposição só aceitam a soberania das urnas quando saem vencedores."

Sandro Sell

Este texto copiei e colei daqui:
Cultura do Controle: "Nordestino não deve votar!"

sábado, 6 de novembro de 2010

ENEM sim, mas e o ENME ?

Quem vai avaliar o Ministério da Educação e os responsáveis pelo ENEM?

O maior teste de avaliação deles foi a eleição presidencial que colocará Dilma na cadeira de Lula a partir de 2011, dando a aprovação para que as coisas se encaminhem no rumo que estão.

Espero que neste ponto (como em alguns outros que não nos cabe aqui relacionar agora) haja uma reavaliação por parte de Dilma, afinal, a eleição dá à Presidente Dilma, e não aos eleitores, o poder de escolher os Ministros, dentre eles o da pasta da Educação, e como não há um Exame Nacional do Ministério da Educação - ENME -, a bola está com a Dilma.

No site da Globo há um histórico dos problemas do ENEM:

http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2010/11/historico-de-problemas-do-enem-inclui-vazamento-da-prova-em-2009.html

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Bandido e Mocinho

Retornou aos noticiários um episódio em que um cidadão, ao avistar uma blitz, temeu se tratar de emboscada de bandidos disfarçados de policiais e deu marcha à ré para fugir, julgando que esta era a melhor atitude a ser tomada. Já os policiais, desconfiaram que o sujeito estivesse se evadindo por ser bandido e atiraram contra o malfeitor, julgando que esta era a melhor atitude a ser tomada.

Todos tiveram algumas frações de segundos para tomarem suas decisões. A urgência foi a principal, mas não única culpada pelo julgamento errado que os envolvidos fizeram.

O toque tragicômico desta história é que todos os envolvidos têm em suas profissões uma ligação direta com avaliação de fatos e de pessoas. O motorista é um juiz, os homens da blitz, policiais. Mas nenhum deles teve tempo suficiente de lembrar de um princípio fundamental que deve reger nossas vidas: todos são inocentes, até prova em contrário.

É lógico que as razões que levaram o motorista a julgar e decidir que os policiais eram bandidos foram muito fortes e corretas. Se presumisse e errasse poderia estar morto. Já os policiais, não corriam risco algum. Mesmo que o motorista fosse bandido, ele estava “batendo em retirada” e não representava qualquer risco para os policiais.

Por causa da mentalidade obtusa daqueles que julgam e condenam sem pensar porque repudiam a presunção de inocência – como se este princípio fosse um entrave para a realização da justiça –, é que surgem as tragédias e as maiores injustiças.

Fiquei tentado em encerrar este post declarando numa frase de efeito qual a lição que devemos tirar deste episódio, mas, me recuso a fazer isso pela tamanha obviedade do tema, pois, correria o risco de afrontar a inteligência do leitor.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O MEDO DO MEDO

Não é de hoje que posições ideológicas ou pontos de vista são robustecidos com argumentos emocionais. No âmbito público, temos os exemplos de grandes oradores, mártires, líderes religiosos, políticos e ditadores; na vida privada, os filhos, os pais, os netinhos, os amores, os times e os comerciais; até mendigos, pedintes, estelionatários e trambiqueiros lançam mão de emoções para nos convencer de algo.

Nesta arte de usar emoções para convencer, uma delas me amedronta. O medo! Tenho medo do medo.

O medo tem começo, tem meio, mas, nem sempre tem fim. Atinge a mente e o coração nas suas formas físicas e metafísicas, e em algumas pessoas o medo se revela pelo intestino, pela bexiga, pelo estômago e até pela pele. Desnecessário aprofundar tais detalhes.

Tenho medo do medo porque, quem o tem e não o reconhece corre o risco de interpretá-lo como antônimo de coragem. Coragem é antídoto do medo e não antônimo. Ter medo evita estupidez, previne acidentes, impede tragédias e salva vidas.

E, por isso, os argumentos que mexem com a emoção do medo são mais simples de articular e de entender; são usados por pessoas que têm preguiça de argumentar, ou não têm esta capacidade; e são sempre bem recebidos pelos que não têm inteligência suficiente para escutar e processar argumentos bem elaborados.

Na campanha política não foi diferente. Uns não queriam determinada pessoa na presidência porque tinham medo da legalização do aborto; outros, porque temiam o retrocesso de determinada política; outros tantos tinham medo de representantes do demônio no comando do país, medo de mulher, de casamento gay, de velho, de militares, das elites, dos marqueteiros, de terroristas e de reacionários; mas não vi ninguém com medo da falta de propostas concretas e medo da superficialidade dos debates frios e sem enfrentamentos.

Exatamente aí reside meu medo. Os eleitores decidiram seus votos pelo medo daquilo que não queriam, e não na aposta daquilo que desejam. E isto já foi percebido há muito tempo pelos marqueteiros, desde aquele duelo famoso entre o medo e a esperança, protagonizado por uma atriz.

Nesta esteira, surge o medo dos políticos batizados de ficha suja. São os bodes expiatórios da hora. Pessoas que se acham mais evoluídas têm medo do voto dos nem tão evoluídos e impõem regras para que o voto seja “livre nos limites da liberdade”.

Mas, se os limites da liberdade do voto livre encontrarem entrave na Constituição, o medo das urnas justifica o atropelo da Lei Maior. Vejo em todos os argumentos a favor da Lei da Ficha Limpa a sombra do medo de que o eleitor não saiba votar.

Esse tem sido o discurso dos pseudo arautos da honestidade e dos paladinos da justiça, comprometidos exclusivamente com a repercussão pública de suas palavras e com a opinião que interessa à parcela populista da imprensa forjadora de opinião.

Ou respeitamos os direitos fundamentais e a Constituição de forma inteligente ou nos redemos à covardia de quem não sabe pensar, apenas repetir o discurso que interessa àqueles que têm o poder de manipular as emoções e paixões desprovidas de inteligência, mas regadas pelo medo.

APRESENTAÇÃO

Resolvi criar um espaço onde posso tentar criticar posturas e abrir espaço para ver as coisas de um outro ângulo, uma outra ponta da história.

Sou advogado e tenho o hábito de sempre ouvir outra versão dos fatos que me contam. Já vivi esta situação por inúmeras vezes, e sempre sinto um enorme prazer em saber ouvir quem quer falar.

Não comecei antes as postagens deste blog para evitar a politização partidária eleitoral dos meus posts, mas agora, habemus presidenta e não vejo problema algum em começar a postar.

Prometo atualizar este blog pelo menos uma vez por ano, talvez uma periodicidade pouco mais ajustada, dependendo dos humores e das CNTP (condições normais de temperatura e pressão).

Os comentários serão moderados, afinal a responsabilidade pela publicação é toda minha, e levando em conta que os comentários não ultrapassarão os mil por post, acredito que terei tempo para liberá-los.

Aproveitem, leiam, critiquem, até xinguem. Mas, acreditem, tudo que eu escrever deve ser visto com ressalvas, afinal de contas, é apenas mais uma outra ponta da história.