domingo, 26 de dezembro de 2010

O correto e o justo

Coincidentemente, dois juízes encontram-se no corredor do acesso a um motel e, constrangidos, reparam que cada um estava com a mulher do outro.

Após alguns instantes de silêncios e de "saia justa" mas, mantendo-se a compostura própria de magistrados, em tom solene e respeitoso um diz ao outro:

- Nobre colega, não obstante este fortuito imprevisível, sugiro que desconsideremos o ocorrido,crendo eu que o CORRETO seria que a minha mulher venha comigo, no meu carro, e a sua mulher volte com Vossa Excelência no seu.

Ao que o outro respondeu:
- Concordo plenamente, nobre colega, que isso seria o CORRETO sim, no entanto, não seria JUSTO, levando-se em consideração que vocês estão saindo e nós estamos entrando...

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL?

Já comprou todos os presentes sem esquecer o de ninguém? Já comprou todas as coisas no supermercado para a Ceia? Não faltou nada de última hora? Já pagou o décimo terceiro de seus funcionários? O dinheiro gasto com presentes, comes e bebes não fará falta nas contas do mês? Já enviou ou respondeu todas as mensagens automáticas dos seus contatos de e-mail, do Orkut, do Facebook, e tantos outros? Já se desculpou com sua mulher e com seus filhos pela briga que tiveram por conta de onde passariam o Natal? Já fez a revisão do carro para não ficar na mão no meio da viagem? Já colocou a bebida para gelar evitando que esteja quente na hora do brinde acompanhado de uma Oração ou um discurso em homenagem ao Aniversariante, que, na verdade, não está nem aí para muitas destas coisas? Já? Então, está preparado o Feliz Natal? Infelizmente, não!
A festa de Natal é a única data em que várias pessoas comemoram o aniversário de um ilustre desconhecido com o qual não têm amizade nem intimidade alguma, muito menos relevância nas suas vidas. Você já comemorou o aniversário de quem não conhece? Pois é, pode até ser uma festa “legalzinha” ou ainda uma festança, mas será só mais uma onde ninguém desejará a você – “Feliz aniversário do fulano!”
Se o Aniversariante deste final de semana tem importância na sua vida, vou desejar um Feliz Natal, mas se não, só posso desejar um bom Engov para você.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Entrevista ao Jornal Tribuna do Norte

Não deixem de ler a entrevista do juiz Rosivaldo Toascano JR ao Jornal Tribuna do Norte.

Só para terem ideia do que eu estou sugerindo:

“Eu acho que cada sociedade possui a criminalidade que produz e merece. Essa não é uma frase minha, é do criminalista espanhol Antônio Garcia-Pablo de Molina.
[...]
Na verdade, eu não fiz uma critica ao Ministério Público, ao Promotor A ou B, ou à polícia. Foram dois casos que recebi da Central de Inquéritos do Ministério Público para despachar no mesmo dia. Inclusive narrei no blog. Um deles envolvia um pequeno amasso na grade de um portão de um posto de saúde. O outro era a investigação do homicídio de um bebê, parado há nove meses na referida Central. No primeiro, houve o oferecimento de denúncia por dano qualificado, com movimentação de toda máquina estatal já insuficiente para dar conta dessa demanda que considerei irrisória. De outro lado, estava sendo devolvido após nove meses sem solução, sob a alegação de excesso de trabalho. Absolvi de plano o réu do caso do amasso do portão e devolvi os autos do inquérito à Central de Inquéritos, manifestando minha insatisfação pela paralisação por tantos meses em um caso tão grave. Senti que a lógica estava invertida.
[...]
Tem que haver uma virada do nosso modelo de persecução penal. A criminalidade nunca vai terminar, faz parte da vida do homem em sociedade.
[...]
 No Brasil a cada novo problema que surge, surge um crime junto, e a população acha que isso vai resolver, mas não vai. A demanda fica tão grande que a polícia não consegue dar conta nem de uma parcela mínima desse rol. E termina trabalhando com casos pontuais, sejam os mais simples, que fazem volume estatístico, ou os mais rumorosos, em que há pressão da opinião pública. E com isso termina ocorrendo impunidade em casos mais complexos.
[...]
Se cada um de nós realizar um exame de consciência e fizer seu histórico de atos impensados, verá que tem seu prontuário de pequenas infrações: aquele dia em que bebeu demais e dirigiu, por exemplo. É interessante quando eu dou uma palestra sobre isso, eu pergunto, “quem aqui já bebeu e dirigiu?”

Ouço risos constrangidos das platéias, após uns doze exemplos de infrações mais comuns, desde embriaguez ao volante, passando por sonegação fiscal quando se dispensa nota fiscal para aumentar o desconto ou a receptação quando se compra uma bolsa ou um relógio falsificado, que eufemisticamente chamam de réplica. Existe o mito do legislador racional. Pensamos que há um estudo. Mas pode ter certeza de que 90% dos tipos penais e das penas a eles atribuídas são originários muito mais de pressão social do que de um estudo sério de política criminal. E terminamos criando a política do encarceramento.
[...]
Sintomático é o modo como lidamos com os dependentes químicos que furtam ou roubam para manter o vício. Não é racional simplesmente prender o indivíduo que precisa muito mais de um tratamento do que de uma cela, e a gente não pensa, põe na cadeia e não resolve o problema. Vai sair, continuar dependente e subtraindo. Não sabe o que fazer? Cela nele!
Banalizar o encarceramento é deteriorar o ser humano. E se o indivíduo sair pior do que entrou a própria sociedade sofrerá as consequências. É um ciclo vicioso custoso, desumano e inútil. Estou aplicando a lei de drogas aos crimes contra o patrimônio e determinando que o condenado não só cumpra uma pena, mas, principalmente, passe também por um tratamento contra a dependência química. Temos que combater a causa.
O encarceramento prolongado tem que ser aplicado em situações extremas, como exceção.
[...]
 Agora o que acontece é que a nossa legislação e a população em geral têm a idéia de que somente em se colocando alguém na cadeia a gente o corrige.
[...]
 Agora só para completar, os meios de comunicação transmitem a gente mais insegurança. O medo se tornou quase uma paranóia. Hoje em dia acontece um caso num local distante, mas tomamos como realidade nossa. Uma vez perguntei numa palestra que eu dei na FARN, com duzentas pessoas presentes, quantas foram assaltadas nos últimos dois anos. Apenas duas pessoas tinha sido. Mas a sensação que as pessoas têm é outra. Você hoje está vendo o caso de Elisa Samúdio, ex-namorada do goleiro Bruno; veja o exemplo do caso dos Nardoni. Eu vi na televisão um cara com uma faixa, “Isabella eu te amo”, e o repórter perguntou: “- o senhor a conhecia? - não.” Mas ele atravessou a cidade para estar lá. [...] mas a idéia que me passa, no caso dos Nardoni, é que dificilmente iriam ser absolvidos, independentemente das provas. O jurado, sem perceber, termina formando um prejulgamento em razão do bombardeio de notícias desfavoráveis aos acusados. A sensação que tive foi de que já foram ao júri fadados à condenação. A população vê tanta injustiça no seu dia-a-dia, mas dessa vez a justiça vai existir, e a população terá o gozo, naquele momento, como se ela quisesse se vingar. Tanta coisa ali foi deslocada, é o termo psicanalítico, para os Nardoni que eu acho que dificilmente eles teriam enfrentado um júri verdadeiramente isento.
[...]
[sobre a pena]O discurso é de ressocialização, claro. Bonito. A prática, porém, é de mera exclusão e degeneração, prejudicando a própria sociedade. Não tem cabimento sustentarmos um discurso quando vemos uma total disparidade com a prática.
[...]
 Olha, em 2006 eu era juiz em Mossoró, quando respondi pela Vara de Execução Penal durante três meses. Fui ao presídio Mário Negócio levando uma folha de reclamações em branco para cada um dos duzentos presos. Quando entreguei na primeira cela, um preso falou: “doutor, ninguém sabe escrever aqui”. E nessa brincadeira, dos duzentos presos só cinco sabiam escrever. Essa é uma constatação de como o sistema é injusto. Tive um caso marcante: um rapaz era travesti, estava sendo acusado de ter participado de um roubo, tinha sequelas de uso de silicone industrial, que o deformou e, segundo ele, foi espancado. Teve um AVC em razão disso. Reclamou de racismo. Ainda por cima era soropositivo HIV, mal sabia assinar o nome, e era pobre de Jó. Então quando ele entrou aqui, arrastando-se com um lado do corpo paralisado, foi penoso assistir à cena. Nas alegações finais o defensor público falou: “na escala dos excluídos, ele é um ícone”. Eu pensei na situação dele na cadeia. A própria vida já o puniu demais. Condenei-o, mas não apliquei pena, pois não havia necessidade.
[...]
As pesquisas mostram que mais importante que uma pena elevada é a celeridade na punição. A gente peca em situações nas quais o camarada cometeu infração há não sei quantos anos, pois a lei permite que a pessoa seja punida vinte anos depois. Imagine punir um sujeito vinte anos depois. A gente vai punir outra pessoa, não é mais aquela não.
[...]
Mais importante do que o tamanho das penas é a certeza da punição. Então, o que se deve fazer é enxugar os tipos penais, tirar muitos desses crimes, passá-los para a esfera civil para, isso sim, a polícia ter condições de abordar e investigar as situações mais graves sem demora e com profundidade, o Ministério Público de denunciar rapidamente e o Judiciário de julgar também com celeridade. E dar prioridade ao combate da criminalidade em larga escala, tanto a de arma quanto a de caneta.”

Para ler na íntegra, dá uma espiada no blog que está listado ao lado ou vá no site:
Entrevista ao Jornal Tribuna do Norte

sábado, 11 de dezembro de 2010

Justiça, Coragem e Independência

Trago um aperitivo do brilhante, corajoso e independente voto do Ministro do STF, Gilmar Mendes no caso Roriz, candidato ao Governo do DF.

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 630.147 DF
  
O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES - Senhor Presidente, desde logo, já se disse que, na guerra e também nas grandes controvérsias públicas, em geral, a verdade é uma das primeiras vítimas. E, neste caso, se instaura uma grande confusão. Quando se faz reserva ou restrição a essa chamada "Lei da Ficha Limpa" não se está, obviamente, advogando qualquer tese em favor de ato de improbidade.
[...]
Ou defendendo-se o ficha suja. Mas é claro, na guerra retórica que se estabelece, faz-se essa seleção de maneira absolutamente indevida. Quem está defendendo aplicação da Constituição, especialmente do artigo 16, ou mesmo da concepção sobre ato jurídico perfeito, obviamente, não está defendendo ímprobos, está apenas defendendo a Constituição, o Estado de Direito, que é a missão desta Corte.
Em relação à matéria penal, lembro-me de que o Ministro Sepúlveda Pertence sempre citava uma frase de Frankfurter, célebre Juiz da Corte Suprema norte-americana, que dizia: “as garantias penais, em geral, eram asseguradas não a Madre Teresa de Calcutá, mas a pessoas que haviam cometido, em princípio, delitos”. É esse o contexto que se coloca.
[...]
Então, é preciso que essas coisas se estabeleçam, para que nós não sejamos vítimas dessa retórica fácil, desse populismo, que não pode ser populismo judicial.
[...]
Já se falou muito, aqui e fora, por exemplo, que o fato de ser uma lei de iniciativa popular daria uma grande legitimidade, uma legitimidade diferenciada a esta norma. Não penso assim, Senhor Presidente, Senhores Ministros. Lei está submetida às regras constitucionais. Devemos estar muito atentos a este tipo de fenômeno.
[...]
É preciso que tenhamos bem essa dimensão. Fosse a lei aprovada por unanimidade do Congresso Nacional, ainda assim estaria submetida à Constituição. A missão da Corte Constitucional é uma missão contramajoritária. Por isso, ela tem as suas garantias. Sua função não é mimetizar decisões de palanques, decisões do Congresso. É uma função pura. Muitas vezes tem que se contrariar aquilo que a opinião pública entende como "a salvação" para, às vezes, salvar a própria opinião pública, porque esse tipo de violência começa com o nosso vizinho e depois chega a nós. É preciso que nós tenhamos, então, essa dimensão. É preciso sempre colocar essa questão, essa tensão existente entre jurisdição constitucional e democracia; jurisdição constitucional e política; pois toda ela se renova e se coloca aqui. Agora, é uma missão contramajoritária. Se fosse para mimetizar, para ser decalque da decisão do Congresso, podia fechar o Supremo Tribunal Federal. Se a iniciativa popular tornar inútil a nossa atividade, melhor fechar o Supremo Tribunal Federal.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Torcedor passional ou burro?

É impressionante como o torcedor é passional e por isso burro. Posso estar me referindo ao assassinato em BH de um torcedor do Cruzeiro por torcedores do Galo, mas o assunto não é este.
No dia em que o Avaí garantiu sua participação na elite de 2011, logo após a virada histórica sobre o Santos FC, ouvi uma entrevista pela rádio CBN-Diário do Presidente do Conselho Deliberativo do Avaí, Sr. Alexandre Espíndola, feliz da vida por ter sido um dos responsáveis por trazer o Técnico Benazzi para a reta final do campeonato.
Dentre as várias coisas que falou, disse, respondendo a um repórter, que não iria assumir a Direção de Futebol do Avaí, e que a participação que teve na contratação do técnico se deveu à amizade entre os dois.
Pois bem, encerrada a entrevista, o primeiro a falar na CBN-B foi Roberto Alves que já entrou com os dois pés dizendo que o discurso do Alexandre Espíndola estava acobertado pela emoção do momento e não acreditava naquelas palavras.
Daí em diante, surgiu o boato de que Alexandre Espíndola, deixaria a presidência do Conselho Deliberativo e assumiria a Direção de Futebol. Pronto, foi o estopim que faltava para chover pedras e lagartos ao Presidente Zunino, ao Alexandre Espíndola e quem quer que atravessasse a frente dos espalhadores de notícias, também conhecidos como fofoqueiros, maria-vai-com-as-outras, bocas-alugadas e por aí afora.
Por mais de uma vez Alexandre Espíndola disse que não deixava o Conselho Deliberativo para assumir a Direção de Futebol, mas, quem deu crédito ao que ele falou?
Com a saída de Moisés Cândido, a ira aumentou, passando inclusive a tentativas de ofensa pessoal. Daqui a pouco vai ter gente querendo bater no cara.
Preciso deixar claro que não tenho procuração do Sr. Alexandre Expíndola para defendê-lo ou sequer falar em nome dele. A minha única intenção é fazer com que imbecis, que dão ouvidos à imprensa sem a capacidade de ouvir o outro lado, aprendam a pensar.
Crucificar o cara por algo que ele não fez (deixar o Conselho Deliberativo e assumir Direção de Futebol) mesmo ele tendo afirmado que não o fará, me desculpem, é imbecilidade.
O tempo sempre foi o dono da razão. Se mais tarde, ficar provado que Alexandre mentiu ou enganou a torcida, aí os xingamentos terão razão. Se isso não acontecer, os xingamentos terão sido em vão.
Se não concordam com Alexandre Espíndola na Direção de Futebol, tudo bem, critiquem e argumentem contra esta possibilidade, mas porra, ouçam o cara antes de tudo. Isso é sinal de civilidade e de inteligência.

Um abraço.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Copa da FIFA

A Rede Globo começou uma campanha subliminar para alterar leis penais brasileiras. A primeira ofensiva é em cima das execuções penais para tentar acabar com a progressão de regime das penas. Em toda a reportagem que veiculou no Fantástico, era informado o tempo total da pena do condenado que estava sendo beneficiado, mas não era dito quanto da pena que ele já havia cumprido. Esta informação sobre o tempo de pena cumprido é primordial para a concessão dos benefícios, e uma reportagem séria e isenta deveria ter fornecido estes dados.

Quero deixar claro que não estou defendendo o descumprimento das regras de execução penal, mas sei que nem todos os apenados que usufruem dos benefícios da progressão da pena agem irregularmente. Por que a reportagem não fez referência à necessidade de profissionais da Psicologia, Assistencia Social, Psiquiatria e outros que possam avaliar quais apenados podem ou não receber os benefícios? Não fez porque o alvo da matéria jornalística não é a melhora do sistema penal e da sociedade, mas sim a preparação do povão para as imposições das leis penais que a FIFA promoverá até a Copa do Mundo de 2014.

Minha crítica é com a massificação e generalização que o Rede Globo fez e faz, visando incutir na cabeça dos desavisados que as progressões de pena não devem existir; que os presos são irrecuperáveis; que quem for preso não deve ter chance de recuperação, deve apodrecer na cadeia, ser exterminado da sociedade.

Isso me faz lembrar que, para que a Copa de Mundo pudesse ser realizada na África do Sul, aquele país teve que aceitar alterações na legislação penal que foram impostas pela FIFA. Meu medo é que o mesmo aconteça com o Brasil. Vamos ficar de olho.

sábado, 4 de dezembro de 2010

A PERGUNTA DO ANO!

Qual a diferença entre uma tartaruga num poste e  a bandeira do Figueirense no mastro da Ilha ?

Desculpem a falta de originalidade, mas, foi mais forte que eu.

UÉ ?

Um símbolo do furacão não resistui a um Vento Sul? É bom começar a rever estes conceitos.

Correção necessária e justa, antes que surjam reclamações:
A 1a. foto é da Jamira Furlani, a 2a. é do @luciano_ignacio, e ambas eu peguei do blog TV Blogueiro do Rafael Botelho.





terça-feira, 23 de novembro de 2010

Juca Kfouri

Juca Kfouri comentando as marmeladas de entrega de jogos:

"Expediente que está longe de ser ético, mas que virou padrão no patropi, um país em que torcedor vai a campo torcer contra o próprio time e depois se queixa dos políticos que ele mesmo elege, sua alma e sua palma."

confira: http://blogdojuca.uol.com.br/2010/11/consideracoes-quase-finais-sobre-ontem-no-brasileirao/

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

OBRIGADO, DEODORO

Estive hoje na Ressacada para mais um momento épico na Ilha Formosa. Queria falar sobre muitas coisas que vi lá. Torcida, Time, ambos com maiúscula mesmo, fogos, gols, carrinhos, porrada, expulsão, raça, pênalti perdido e muita alegria.

Mas por agora só consigo fazer uma coisa: agradecer por uma cena que poucos viram. Poucos mesmo. Acho que só eu e meu irmão Guto, mas foi uma das melhores e mais alegres cenas que eu sequer imaginaria ver.

Meu pai Deodoro, que completou 71 anos dia 15 de novembro, e, que para subir e descer os degraus da arquibancada precisa da nossa mão para enfrentar a maldita diabetes, estava comemorando o terceiro gol e a vitória do Leão literalmente pulando com os pés em cima da cadeira. Parecia uma criança.

Quando olhei, ele estava cantando a última estrofe de uma música que repetia “... Leão eô, Leão eô...”. Em casa, jurou de pé junto pra minha mãe que a primeira parte da música, que “homenageia” um time do lado de lá da ponte, ele não cantou. Pois é, criança às vezes mente.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

LIÇÕES

Hoje meu filho completa seis anos. Queria falar dele talvez para prestar uma homenagem, mas não vou fazer porque ele não quer homenagens, quer presentes, sem saber que eventualmente são sinônimos.

Quer presentes porque é assim que acha que as pessoas podem demonstrar algum afeto, e não porque quer aumentar a coleção de Hot Wheels ou Max Steel, tanto que ontem ao chegarmos em casa, tinha um cartão de Feliz Aniversário enviado pelo correio pela bisavó Margarida, muito mais valioso do que a caderneta de poupança que ela mantém para ele desde que nasceu. Mais uma lição. Mas de qualquer forma, uma homenagem aqui seria, com razão, desprezada por ele, por razões óbvias.

Então só restou falar de mim. Sou um cara em processo de amadurecimento. Dou mais atenção a argumentos infantis e desprezo mais a importância do quarto arrumado. O piso do banheiro encharcado não me irrita mais tanto. Só hoje reaprendi que o sofá foi feito para colocar os pés e para servir de trampolim. Havia esquecido que a comida fica mais gostosa em frente à televisão e melhor ainda se o queixo estiver lambuzado de molho de macarrão e que toalha molhada no chão não é crime, basta mandar juntá-la.   

Lembrei também de vários princípios básicos da vida feliz: Pica-Pau é melhor que Jornal Nacional; tirar meleca com o dedo é mais legal que com um lenço; fazer xixi, só quando não dá mais pra segurar; banho é desnecessário quando o suor já secou; brincar é compromisso sério e inadiável; cumprir promessa é sagrado; brócolis e fígado não são comidas, são no máximo remédios; chuva não é veneno e escovar os dentes antes de dormir é chato pra dedéu, mas reduz o contato com aqueles monstros assustadores de máscara e broca na mão.

Seis anos e esse pirralho já me deu todas estas lições. Não quero nem pensar aos doze...

FUSÃO

E se a Volkswagem resolvesse fazer uma fusão com a Ford ou com a Dodge?


domingo, 7 de novembro de 2010

"Nordestino não deve votar!"

Discordo do texto abaixo que li no blog Cultura do Controle, mas no entanto, a primeira parte - referente às bolsas-votos - me faz refletir e, quem sabe, até rever minha posição neste ponto.

Por questão de fidelidade reproduzo o texto integral abaixo:

"O fato de Dilma ter sido eleita com grande parte do voto das regiões mais carentes do Brasil pode – e deve – gerar uma série de possíveis hipóteses:

Primeira: os bolsa-isso-e-aquilo não seriam uma forma subliminar de compra de voto? Para mim, a resposta é não, pois que se trata de uma política estatal de distribuição de renda, que – ao contrário dos outros modelos – canalizou verbas da nação para os mais aflitos. Se o governo tivesse ampliado o subsidio das passagens aéreas, se o governo tivesse aumentado o limite das compras no free-shop (o bolsa-muamba), se o governo tivesse ampliado ainda mais o subsídio ao diesel, para que as caminhonetes de luxo economizem às nossas custas (o bolsa-mitsubishi), se tivesse aumentado o índice de dedução da lei de incentivo à cultura (para que os atores do zorra-total possam ter seus espetáculos teatrais ainda mais financiados pelo uso de impostos das “empresas patrocinadoras”), se tivesse insistido, enfim, nos inúmeros bolsa-classe-média-alta, ninguém acharia compra de voto.

Segunda: os nordestinos não sabem votar? Durante décadas se ouviu dizer que os nordestinos, por seu escasso acesso à educação, votavam em velhos coronéis que, dizendo-se seus “padrinhos”, apenas perpetuavam sua miséria. Então, surge um outro “coronel”, só que dessa vez paga para as crianças deixarem as carvoarias e irem para a escola; que tributa negativamente os miseráveis, gerando renda em forma de bolsa. E as pessoas dessas regiões compreendem a diferença entre os “ coronéis” e votam para que assim continue. Isso é não saber votar?

Mas o que mais assusta é o “ovo da serpente” da mentalidade fascista: bastaram as análises – muito mal feitas, por sinal – de que as regiões pobres é que elegeram a continuidade de Lula para que o fascismo de classe média voltasse à tona: nordestino não deveria votar! Fascismo em grande parte incentivado pela grande mídia que, descontente por ter perdido parte de suas bolsas-publicidade-do-governo e por não poder decidir nas suas reuniões privadas quem seria o presidente do Brasil (como fizeram com Collor), trataram dizer que o resultado da eleição mostra dois brasis: o do Lula e o desenvolvido.

Foi a vitória da opinião pública sobre a opinião publicada. Pois, leia a as manchetes das revistas e jornais dos últimos anos e note que, para a grande mídia, os únicos problemas relevantes sempre foram: atrasos nos aeroportos, reajustes nos planos privados de saúde, compra-e-venda de atletas e assassinatos com vítimas especiais (ou seja: não favelados). Não é à toa que leitores desses meios não consigam avaliar o significado de 100 reais na vida de uma família no interior do Piauí. Para tais leitores, política pública é melhorar as vias de acesso aos shopings, duplicar rodovias praieiras e baixar o preço da entrada no cinema.

Infelizmente, para o projeto da manutenção de dois brasis, os pobres estão aprendendo a votar. O “nordestino “ (denominação genérica do eleitor da Dilma de qualquer região) já não é mais controlado unicamente pela opinião da grande mídia. E chamar tal descontrole de analfabetismo político só indica uma coisa: que os “democratas” da oposição só aceitam a soberania das urnas quando saem vencedores."

Sandro Sell

Este texto copiei e colei daqui:
Cultura do Controle: "Nordestino não deve votar!"

sábado, 6 de novembro de 2010

ENEM sim, mas e o ENME ?

Quem vai avaliar o Ministério da Educação e os responsáveis pelo ENEM?

O maior teste de avaliação deles foi a eleição presidencial que colocará Dilma na cadeira de Lula a partir de 2011, dando a aprovação para que as coisas se encaminhem no rumo que estão.

Espero que neste ponto (como em alguns outros que não nos cabe aqui relacionar agora) haja uma reavaliação por parte de Dilma, afinal, a eleição dá à Presidente Dilma, e não aos eleitores, o poder de escolher os Ministros, dentre eles o da pasta da Educação, e como não há um Exame Nacional do Ministério da Educação - ENME -, a bola está com a Dilma.

No site da Globo há um histórico dos problemas do ENEM:

http://g1.globo.com/vestibular-e-educacao/noticia/2010/11/historico-de-problemas-do-enem-inclui-vazamento-da-prova-em-2009.html

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Bandido e Mocinho

Retornou aos noticiários um episódio em que um cidadão, ao avistar uma blitz, temeu se tratar de emboscada de bandidos disfarçados de policiais e deu marcha à ré para fugir, julgando que esta era a melhor atitude a ser tomada. Já os policiais, desconfiaram que o sujeito estivesse se evadindo por ser bandido e atiraram contra o malfeitor, julgando que esta era a melhor atitude a ser tomada.

Todos tiveram algumas frações de segundos para tomarem suas decisões. A urgência foi a principal, mas não única culpada pelo julgamento errado que os envolvidos fizeram.

O toque tragicômico desta história é que todos os envolvidos têm em suas profissões uma ligação direta com avaliação de fatos e de pessoas. O motorista é um juiz, os homens da blitz, policiais. Mas nenhum deles teve tempo suficiente de lembrar de um princípio fundamental que deve reger nossas vidas: todos são inocentes, até prova em contrário.

É lógico que as razões que levaram o motorista a julgar e decidir que os policiais eram bandidos foram muito fortes e corretas. Se presumisse e errasse poderia estar morto. Já os policiais, não corriam risco algum. Mesmo que o motorista fosse bandido, ele estava “batendo em retirada” e não representava qualquer risco para os policiais.

Por causa da mentalidade obtusa daqueles que julgam e condenam sem pensar porque repudiam a presunção de inocência – como se este princípio fosse um entrave para a realização da justiça –, é que surgem as tragédias e as maiores injustiças.

Fiquei tentado em encerrar este post declarando numa frase de efeito qual a lição que devemos tirar deste episódio, mas, me recuso a fazer isso pela tamanha obviedade do tema, pois, correria o risco de afrontar a inteligência do leitor.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O MEDO DO MEDO

Não é de hoje que posições ideológicas ou pontos de vista são robustecidos com argumentos emocionais. No âmbito público, temos os exemplos de grandes oradores, mártires, líderes religiosos, políticos e ditadores; na vida privada, os filhos, os pais, os netinhos, os amores, os times e os comerciais; até mendigos, pedintes, estelionatários e trambiqueiros lançam mão de emoções para nos convencer de algo.

Nesta arte de usar emoções para convencer, uma delas me amedronta. O medo! Tenho medo do medo.

O medo tem começo, tem meio, mas, nem sempre tem fim. Atinge a mente e o coração nas suas formas físicas e metafísicas, e em algumas pessoas o medo se revela pelo intestino, pela bexiga, pelo estômago e até pela pele. Desnecessário aprofundar tais detalhes.

Tenho medo do medo porque, quem o tem e não o reconhece corre o risco de interpretá-lo como antônimo de coragem. Coragem é antídoto do medo e não antônimo. Ter medo evita estupidez, previne acidentes, impede tragédias e salva vidas.

E, por isso, os argumentos que mexem com a emoção do medo são mais simples de articular e de entender; são usados por pessoas que têm preguiça de argumentar, ou não têm esta capacidade; e são sempre bem recebidos pelos que não têm inteligência suficiente para escutar e processar argumentos bem elaborados.

Na campanha política não foi diferente. Uns não queriam determinada pessoa na presidência porque tinham medo da legalização do aborto; outros, porque temiam o retrocesso de determinada política; outros tantos tinham medo de representantes do demônio no comando do país, medo de mulher, de casamento gay, de velho, de militares, das elites, dos marqueteiros, de terroristas e de reacionários; mas não vi ninguém com medo da falta de propostas concretas e medo da superficialidade dos debates frios e sem enfrentamentos.

Exatamente aí reside meu medo. Os eleitores decidiram seus votos pelo medo daquilo que não queriam, e não na aposta daquilo que desejam. E isto já foi percebido há muito tempo pelos marqueteiros, desde aquele duelo famoso entre o medo e a esperança, protagonizado por uma atriz.

Nesta esteira, surge o medo dos políticos batizados de ficha suja. São os bodes expiatórios da hora. Pessoas que se acham mais evoluídas têm medo do voto dos nem tão evoluídos e impõem regras para que o voto seja “livre nos limites da liberdade”.

Mas, se os limites da liberdade do voto livre encontrarem entrave na Constituição, o medo das urnas justifica o atropelo da Lei Maior. Vejo em todos os argumentos a favor da Lei da Ficha Limpa a sombra do medo de que o eleitor não saiba votar.

Esse tem sido o discurso dos pseudo arautos da honestidade e dos paladinos da justiça, comprometidos exclusivamente com a repercussão pública de suas palavras e com a opinião que interessa à parcela populista da imprensa forjadora de opinião.

Ou respeitamos os direitos fundamentais e a Constituição de forma inteligente ou nos redemos à covardia de quem não sabe pensar, apenas repetir o discurso que interessa àqueles que têm o poder de manipular as emoções e paixões desprovidas de inteligência, mas regadas pelo medo.

APRESENTAÇÃO

Resolvi criar um espaço onde posso tentar criticar posturas e abrir espaço para ver as coisas de um outro ângulo, uma outra ponta da história.

Sou advogado e tenho o hábito de sempre ouvir outra versão dos fatos que me contam. Já vivi esta situação por inúmeras vezes, e sempre sinto um enorme prazer em saber ouvir quem quer falar.

Não comecei antes as postagens deste blog para evitar a politização partidária eleitoral dos meus posts, mas agora, habemus presidenta e não vejo problema algum em começar a postar.

Prometo atualizar este blog pelo menos uma vez por ano, talvez uma periodicidade pouco mais ajustada, dependendo dos humores e das CNTP (condições normais de temperatura e pressão).

Os comentários serão moderados, afinal a responsabilidade pela publicação é toda minha, e levando em conta que os comentários não ultrapassarão os mil por post, acredito que terei tempo para liberá-los.

Aproveitem, leiam, critiquem, até xinguem. Mas, acreditem, tudo que eu escrever deve ser visto com ressalvas, afinal de contas, é apenas mais uma outra ponta da história.